Paralimpíadas Escolares são porta de entrada das seleções principais de judô

Publicado em Quinta, 26 Novembro 2015 09:43
Breno Barros/MEBreno Barros/ME
 
"Vai Cleir, vai de ippon". A voz que saiu da torcida durante o combate de judô, entre Cleir Pinheiro da Silva e Pablo Cruz, era mais que um incentivo. Os gritos de Sara Silva, 16 anos e também cega, simbolizaram o espírito de equipe dos judocas que subiram ao tatame das Paralimpíadas Escolares 2015 e mostraram que a luta proporciona inclusão e integração das pessoas com deficiência visual. Sara e Cleir são companheiros de treino na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
 
Nesta edição das Paralimpíadas Escolares são cerca de 40 judocas nas disputas por medalhas. Única arte marcial que compõe o programa paralímpico, o judô para atletas cegos é praticado desde a década de 70, tendo estreado no masculino nos Jogos em Seul-1988, e no feminino, em Atenas-2004. Antes de ser realizadas competições estudantis no Brasil, os deficientes visuais iniciavam na luta com idade avançada, como lembra o Jaime Roberto Bragança,  coordenador de Judô do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
 
“Antigamente, o deficiente visual iniciava no judô com 18 ou 20 anos. Era muito ruim para nós, porque todos os esportes competitivos exigem que a iniciação seja na infância. Por meio de evento como esse conseguimos incentivar as crianças a começarem no judô bem cedo”, recorda.
 

Com 15 anos de idade, o judoca Pablo Cruz representa muito bem a nova geração de lutadores do Rio Grande do Norte. Para o jovem, o judô foi uma porta que se abriu para novas possibilidades, além de ajudou na vida social. “Eu sempre fui de fazer várias atividades, como tocar instrumentos musicais. E o judô apareceu na minha vida para me dá mais força. Hoje, o que eu sei fazer melhor é a música e o judô”, conta. 
 
Breno Barros/MEBreno Barros/MEO judoca da seleção brasileira Abner Nascimento de Oliveira, 20 anos, medalhista de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, é um dos atletas que ganhou destaque nacional depois das Paralimpíadas Escolares. Ele considera o evento a porta de entrada para a equipe principal. “Os jogos escolares são o começo. Muitos atletas que estão aqui um dia irão chegar na seleção, como eu cheguei”, reforça.
 
Abner foi considerado o melhor judoca da competição nas edições de 2011 e 2012.  “No primeiro ano que participei do evento cheguei meio tímido, com vergonha. Lutei e fui considerado o melhor atleta da minha categoria. No ano seguinte foi mais complicado, subi de categoria e a chave foi maior. Levei o título na minha categoria e no absoluto. Em 2013, fui para a adulta, tive bons resultados e fui convocado para a seleção brasileira. Tudo graças aos resultados daqui”, recorda o judoca do Rio Grande do Norte.  
 
Há poucas adaptações no judô paraolímpico em relação ao convencional. Os atletas começam a luta já segurando o quimono do adversário, posicionados assim pelo árbitro central, que conduz a luta para que o contato seja permanente. Ao aplicar uma punição, o árbitro também avisa a qual judoca está se referindo. Os atletas não são punidos por sair da área de luta.
 
“Mostrando para os professores de judô convencional que as adaptações são mínimas e que uma pessoa cega pode praticar judô em qualquer academia. Muitas vezes os professores não aceitavam os alunos por puro desconhecimento”,  revela Jaime Roberto.
 
Breno Barros, de Natal
Ascom - Ministério do Esporte
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