Guerreiro Pataxó encanta ministro com assovios, ao imitar o canto dos pássaros

Publicado em Quinta, 14 Novembro 2013 21:31

Foto: Francisco MedeirosFoto: Francisco Medeiros

O grande guerreiro Ubiranan Pataxó é um dos personagens que mais chama a atenção dos visitantes nos Jogos dos Povos Indígenas, em Cuiabá. Com seus assovios emitidos por vários apitos, cabelos longos, colares com dentes de onça, e pintura corporal, o jovem índio encantou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em visita à Feira do Artesanato. Ao parar para cumprimentá-lo, o ministro ouviu sons dos pássaros entoados pelo jovem índio de 28 anos. E para surpresa dos visitantes, até o hino nacional foi assoviado pelo guerreiro, que também contou um pouco da história de sua aldeia.

Com esses sons Ubiranan ensina alunos da aldeia e de escolas públicas da cidade de Porto Seguro (BA), a distinguir os cantos dos pássaros, que para os índios têm significados distintos, e também a respeitar a natureza. Os bem-te-vi são os guardiões da floresta, o sabiá é o pássaro que admira a floresta, o coki, pássaro de penas escuras, com seu canto bonito mostra que coisas boas vão acontecer. A coruja, quando está na mata fechada, deixa as crianças com medo, e em outros lugares seu canto pode mostrar acontecimentos bons ou ruins.

Mas além desses conhecimentos, Ubiranan ensina as crianças a usarem a flecha, as armas indígenas e as zarabatanas, e tenta resgatar a linguagem patxchoran, praticada pelos antigos, que estava praticamente perdida. Outro costume que o guerreiro tenta passar para os mais novos é o ritual do casamento. Ele afirma que para o casamento ser realizado o noivo precisa carregar uma tora equivalente ao peso da noiva; se não conseguir erguer a tora, ele não está preparado para casar-se. Se conseguir, sai em busca de flores e de caça para oferecer à amada e provar que já pode casar.

A aldeia Pataxó se veste e se pinta com adereços coloridos, que para eles têm vários significados. Usam colares vermelhos para espantar as coisas ruins, pois essa cor para eles representa o sangue do guerreiro. Os colares, com dentes de animais, significam guerreiros caçadores e bons de flecha. Ubiranan, que no dialeto pataxó significa filho de guerreiro, está representando sua aldeia e também aproveitando a oportunidade para expor e vender os produtos de sua aldeia.

A confraternização entre os povos indígenas culmina em atitudes, como a da índia Kaiapó, que, ao contemplar a beleza do guerreiro, disponibilizou-se a tatuar o corpo dele com a pintura típica de sua tribo. Como forma de respeito ele vai recompensá-la, levando consigo a tatuagem que lhe foi presenteada para mostrar aos seus familiares.

 

Cleide Passos, de Cuiabá
Ascom – Ministério do Esporte
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