Com ação no Campeonato Brasileiro, ABCD e CBF querem massificar combate ao doping

Publicado em Terça, 13 Março 2018 10:25

Em 10 de abril é celebrado o Dia Mundial do Jogo Limpo. Para comemorar a data, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), vai realizar uma ação nacional, dentro da campanha #JogoLimpo, durante a segunda rodada do Campeonato Brasileiro, de 21 a 23 de abril. A ideia, segundo o secretário da ABCD, Luiz Celso Giacomini, é chamar a atenção dos atletas e da sociedade em geral da importância do controle antidopagem.

A ação segue uma linha de importantes acontecimentos para a ABCD. Na última semana, no Rio de Janeiro, a entidade realizou dois seminários a respeito do tema. O primeiro deles, o 7º Seminário Sul-Americano Legal Antidopagem, um evento da Agência Mundial Antidopagem (WADA, sigla em inglês), reuniu juristas de toda a América Latina para debates, discussões e atividades que tinham como objetivo criar um comportamento padrão na gestão de resultados. O segundo foi o Seminário Brasileiro Antidopagem, que estreou com um público-alvo diferenciado, visando alcançar os atletas de forma indireta.

Secretário da ABCD, Luiz Celso Giacomini. Foto: Francisco Medeiros/MESecretário da ABCD, Luiz Celso Giacomini. Foto: Francisco Medeiros/ME

“Primeiro queremos levar a mensagem aos formadores de opinião, que são os técnicos, médicos, pessoas que trabalham com os atletas, ou seja, toda essa comunidade esportiva que está em contato direto com o esportista”, disse Giacomini, ao explicar que a informação a essas pessoas é essencial para atingir o atleta.

Com essa ideia em mente, o secretário da ABCD explicou como serão as ações da #JogoLimpo, que aproveitará a popularidade do futebol para colocar o holofote sobre o tema. Confira a entrevista com Luiz Celso Giacomini.

- Como será a campanha no Campeonato Brasileiro de futebol?

Já temos essa campanha nacional lançada pelo Ministério do Esporte, a #JogoLimpo, com embaixadores de modalidades olímpicas, como o Gabriel Medina, no surfe, o Daniel Dias, nos Paralímpicos, entre outros. Foi então que surgiu a possibilidade, em um diálogo com a CBF, de fazermos essa campanha chegar ao futebol. Em uma reunião realizada na semana passada, entramos em contato com o doutor Jorge Pagura, médico-chefe da CBF na área de doping, junto com a área de comunicação e também com os responsáveis pela elaboração do Campeonato Brasileiro. Sendo assim, combinamos que crianças uniformizadas com as camisas do #JogoLimpo entrarão em campo na frente dos jogadores para levar essa mensagem aos jovens esportistas do país e para a sociedade em geral.

- A ação vai durar apenas nesta rodada?

A ideia inicial era de fazermos somente em um jogo, para comemorar o Dia Mundial do Jogo Limpo, em 10 de abril. Mas como a ABCD resolveu estender esse dia para todo o mês de abril, em função de que muitas confederações não conseguiriam atender no dia marcado [dia 10]. Então fizemos esse contato com a CBF e fomos muito bem recebidos. Tivemos o apoio da Secretaria de Futebol [do Ministério do Esporte], por meio do secretário André Argôlo, e estamos realizando um projeto-piloto na segunda rodada do Brasileirão [21 a 23 de abril].

- Há planos para estender a campanha às competições de base organizadas pela CBF?

Após esse primeiro momento, vamos nos reunir novamente para estudarmos a possibilidade de que isso seja algo mais permanente, tanto nas categorias principais masculinas quanto no campeonato feminino. Depois vamos tentar estender para as categorias de base, quando forem disputados eventos nacionais. Este é um processo que vamos estabelecer junto com a CBF. Quanto mais amplo ele for, melhor para a campanha, porque esclarece a comunidade de uma forma geral. Tenho certeza de que vai conscientizar muitos jovens atletas [de 12 a 17 anos], que são o alvo da nossa campanha.

- Além de ações com a CBF, a ABCD pretende levar a iniciativa para outras modalidades populares no Brasil, como o vôlei e o basquete, que também têm campeonatos que atraem grandes públicos, com grande número de participantes?

Nessa campanha de abril, todas as confederações serão convidadas a participar. Estamos fazendo o convite a todas elas para que em algum momento façam a alusão ao Dia do Jogo Limpo. Depois deste teste com o futebol, caso seja positivo – e esperamos que sim –, a gente pretende procurar o voleibol para fazer esse mesmo procedimento. Nas entradas das equipes em jogos televisionados, poderemos ter essas crianças em quadra com a camiseta do #JogoLimpo. São possibilidades que ainda estão em análise e que vamos colocar em prática, caso as instituições concordem.

- Por ser o esporte mais popular do país, o futebol recebe uma atenção especial nas campanhas de educação e cuidados em relação ao doping?

A campanha é geral para todas as modalidades, mas é evidente que o futebol tem mais apelo popular por ser a modalidade mais divulgada no Brasil e no mundo inteiro. Então o futebol vai trazer sim uma grande contribuição para nós na área dessa campanha, como vem trazendo na área de controle de dopagem do país.

- E em número de testes realizados? O futebol é o que realiza mais testes?

Sem dúvida nenhuma, é o esporte que mais realiza testes. A modalidade é a que mais testa em todo o mundo. Teremos este ano uma conta superior a seis mil testes só no futebol realizados pela CBF, sem contar aqueles que a ABCD faz fora de competição. Porque cabe à CBF realizar durante a competição e à ABCD, fora dos períodos de jogo. Mas todas as demandas são oriundas da ABCD.

- Usar a popularidade da modalidade pode ajudar a aumentar a conscientização do esporte em geral em relação ao controle de dopagem?

Ajuda profundamente. O brasileiro em geral adora o futebol, todos assistem a jogos nos estádios e pela TV. Então, se tivermos aquela ação com frequência na televisão, mostrando para o espectador a ideia do jogo limpo, certamente essa informação será massificada, universalizada, e nós teremos resultados muito positivos.

- Na semana passada, a ABCD realizou um seminário legal em parceria com a WADA e organizou outro seminário sobre controle de dopagem. A educação aos envolvidos no esporte são tão importantes quanto a conscientização dos atletas?

A ABCD, na semana passada, teve dois momentos muito importantes no contexto mundial, eu diria. O primeiro foi o 7º Seminário Sul-Americano Legal Antidopagem, um evento da WADA que a ABCD organizou e trouxe para o Brasil, fortalecendo nossas relações com a WADA e o conhecimento nessa área específica de gestão de resultado. Foi um evento maravilhoso, muito bem conduzido e teve, inclusive, uma menção honrosa da própria WADA. No dia 9, realizamos o primeiro Seminário Antidopagem no Brasil com público-alvo de convidados. Isso porque primeiro queremos levar a mensagem aos formadores de opinião, que são os técnicos, os médicos, as pessoas que trabalham com os atletas, ou seja, toda essa comunidade esportiva que está em contato direto com o esportista. Junto às confederações, pretendemos ainda, talvez neste primeiro semestre, fazer um segundo encontro com as confederações especificamente. Aí vamos trazer os técnicos de seleções olímpicas, de clubes, para atingirmos indiretamente os atletas. Porque seria humanamente impossível fazer um seminário com todos os atletas brasileiros, que são milhões. Então temos que achar o mecanismo de levar essa informação para o atleta.

Thiago Rizerio
Ascom - Ministério do Esporte