Em bate-papo ao vivo, Lars Grael e Mosiah Rodrigues ressaltam o papel dos clubes na formação dos atletas

Publicado em Quarta, 11 Outubro 2017 17:18

No Brasil, a formação dos atletas é realizada majoritariamente dentro dos clubes. Neles, talentos são detectados e lapidados, e investimentos são feitos na compra de equipamentos, preparação técnica e participação em competições, desde as equipes de base até que os grandes nomes cheguem ao nível internacional. Para debater a importância dos clubes no desenvolvimento do esporte brasileiro, o superintendente técnico do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), Lars Grael, e o coordenador do programa Bolsa Atleta, Mosiah Rodrigues, participaram nesta quarta-feira (11.10) de um bate-papo ao vivo nas redes sociais do Ministério do Esporte.

Um dos aspectos abordados na conversa foi o papel dos clubes para que os atletas consigam atingir o alto rendimento. Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, por exemplo, 77% da delegação brasileira era formada por atletas ligados a clubes. Já em Londres, em 2012, o percentual subiu para 87%, média que se manteve no ano passado, no Rio de Janeiro. “Se observarmos o perfil da equipe olímpica brasileira que esteve no Rio 2016, assim como em Londres, mais de 80% dos atletas foram formados em clubes”, destacou o velejador medalhista olímpico Lars Grael.

“No esporte paralímpico, você tem um percentual de associações que promovem a prática do paradesporto e que têm um papel muito importante na formação, e os clubes estão se conscientizando para atuar no desporto paralímpico. Já no desporto olímpico, a matriz da formação de atletas no Brasil vem dos clubes”, comparou. “O trabalho do CBC é conscientizar para que mais clubes venham para esse compromisso de formar atletas. É uma parceria que temos com o Ministério do Esporte, de não só olhar o esporte no mais alto rendimento, mas também para o trabalho de formação, que é muito importante”, acrescentou Grael.

Ex-atleta da ginástica artística e dono de cinco medalhas em Jogos Pan-Americanos, Mosiah Rodrigues relembrou a trajetória no esporte desde os sete anos de idade, quando entrou no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. “Um professor me identificou, me levou para o clube e comecei a competir. É o clube que tem a estrutura para formar a criançada. Tive a felicidade de estar em um clube estruturado, com departamento específico para a minha modalidade, com fisioterapeuta, psicólogo, todas as condições para o atleta, e isso é um pilar importante”, comentou.

Desde 2011, o CBC foi incluído ao lado do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) entre as entidades beneficiadas pelos recursos da loteria federal. A verba começou a ser aplicada em 2014, e destinada ao fomento, ao desenvolvimento e à manutenção do esporte, à preparação técnica, à compra de equipamentos e à participação em competições.

“O CBC tem esse papel de repassar, de descentralizar recursos públicos oriundos da loteria esportiva para clubes formadores de atletas”, explicou o superintendente. “Não é um trabalho a curto prazo. O CBC fez vários editais desde que começou a descentralizar recursos, em 2014, para aquisição de equipamentos, participação em competições, contratação de equipe técnica e de apoio. É muito importante esse suporte que o clube dá ao atleta em formação”, ponderou.

Bolsa Atleta

Outro ponto abordado no bate-papo foi a importância do Bolsa Atleta ao longo da carreira esportiva, já que o programa contempla desde a base ao alto rendimento. “Um dos pilares é levar o recurso ao atleta. É ter uma formação bem-feita, uma identificação de talentos, um trabalho científico, uma qualificação de treinadores. Em todo esse cenário, o Bolsa Atleta vem somar nisso, para que não fique descolado desses pilares que vão levar ao sucesso esportivo”, argumentou Mosiah Rodrigues, lembrando que, nos Jogos Olímpicos do Rio, apenas a medalha do futebol masculino não foi conquistada por bolsistas. Já nos Jogos Paralímpicos, todas os pódios foram alcançados por contemplados pelo programa.

“O Bolsa Atleta é um recurso com que o atleta pode contar. Muitos agora perderam o repasse das confederações, alguns perderam apoio das Forças Armadas, patrocínios de estatais e empresas privadas. O Bolsa Atleta é o que segura. É importante que o atleta saiba dar reconhecimento a esse produto, que não é um salário. Ele veio para que o atleta possa viver no esporte, treinar e competir”, completou Lars Grael.

Com a publicação da terceira lista do Bolsa Pódio em 2017, já são 291 contemplados pela mais alta categoria do programa. Além disso, há 6.995 inscrições para as demais categorias (base, estudantil, nacional, internacional e olímpico/paralímpico). “O feedback que temos dos atletas é de que, sem a bolsa, eles não conseguem seguir em frente. No programa eles têm segurança para continuar a carreira, de saber que terão o suporte para o dia a dia, para a preparação. Várias vezes eu competi e voltei para casa sem essa perspectiva. Hoje fico contente por isso”, acrescentou Mosiah Rodrigues.

Ana Cláudia Felizola – rededoesporte.gov.br