No vôlei sentado feminino, Brasil vence a "engasgada" Ucrânia e avança às semifinais

Publicado em Segunda, 12 Setembro 2016 08:30
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Empurrada por 7200 vozes que tomaram o Pavilhão 6 do Riocentro, a seleção brasileira feminina de vôlei sentado venceu, neste domingo (11.09), a Ucrânia por três sets a zero, parciais de 25/19, 25/20 e 25/14, em partida válida pela segunda rodada do torneio da modalidade nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Com o resultado, o Brasil chegou a dois pontos e, pelo saldo de sets, já garantiu a classificação para as semifinais da competição.
 
Foi a primeira vez que as brasileiras superaram as ucranianas, medalhistas de bronze em Londres 2012 e atuais campeãs europeias, sem perder nenhum set. Após o embate, as jogadoras brasileiras admitiram que a vitória sobre as europeias tem um sabor especial. "Tinha que desengasgar, né? Em outras competições a gente sempre empaca com elas. É a primeira vez que a gente ganha delas de três a zero. A gente está pisando em territórios novos para o vôlei sentado, nunca tínhamos chegado tão longe assim", disse a ponteira Nathalie Silva.
 
Melhor jogadora em quadra esta noite, com 17 pontos marcados, Janaína encampou o discurso da companheira de equipe. "A gente veio bem focada porque o time da Ucrânia já vem engasgando a gente tem tempo. Na China (na Copa Intercontinental) a gente perdeu uma de três a zero e ganhou a outra de três a um, então hoje a gente veio para fechar mesmo, porque não dava mais", apontou.
 
Destaque nas categorias de base do voleibol convencional, a mineira chegou a ser convocada para a seleção olímpica juvenil, mas teve a carreira abreviada após ser atropelada, aos 18 anos. Com a perda de força muscular na panturrilha e no quadríceps, a oposto viu no vôlei sentado a oportunidade de seguir em atividade. "Para mim foi muito difícil quando eu sofri o acidente e tive que parar de jogar, porque eu praticava vôlei desde muito jovem. Eu tinha voltado para Minas e em 2006 eles me chamaram para experimentar o vôlei sentado. Eu não tinha muita noção de como se jogava, mas depois que vi, eu gostei. Foi esse esporte que me deu a oportunidade de participar de minha segunda paralimpíada, então eu só tenho a agradecer", lembrou.
 
Garantida na semifinal e com o apoio da torcida, a equipe projeta estar entre as melhores do torneio. "Nosso objetivo é o pódio, seja qual for a medalha. É a nossa segunda paralimpíada, o time ainda é meio inexperiente em finais, mas a gente está atrás disso. Primeiro que a torcida é sem igual, né? E outra que o time vem se desenvolvendo bem, pegando mais experiência. A gente sabe que tem condição de brigar e isso é muito importante", assegurou Janaína.
 
Vice-campeã dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015, a seleção feminina tenta no Rio de Janeiro uma medalha inédita para o voleibol sentado brasileiro em Paralimpíadas. O próximo compromisso das brasileiras na competição é nesta terça-feira (13.08), contra a Holanda, às 10h.
 
A modalidade
De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), os jogadores de vôlei sentado são classificados em duas classes: elegíveis e mínima elegibilidade. Na primeira, estão aqueles com amputações e problemas locomotores mais acentuados. Na segunda, os atletas têm deficiências quase imperceptíveis, como problemas de articulação leves ou pequenas amputações nos membros. Cada equipe só pode contar com dois jogadores de mínima elegibilidade, e ambos não podem estar em quadra ao mesmo tempo.
 
Entre 2012 e 2015, o Ministério do Esporte investiu na modalidade por meio do Bolsa Atleta, maior programa de patrocínio individual do mundo. Foram concedidas no período 293 bolsas, nas categorias Atleta de Base, Estudantil, Nacional, Internacional e Paralímpica, num aporte da ordem de R$ 5,4 milhões.
 
Pedro Ramos - brasil2016.gov.br
Ascom - Ministério do Esporte