Com o coração na garganta, Daniel Dias garante primeiro ouro para o Brasil na natação. Ítalo Pereira consegue um bronze

Publicado em Sexta, 09 Setembro 2016 07:50
Daniel Dias chegou aos Jogos Paralímpicos Rio 2016 com um currículo recheado de glórias: maior medalhista brasileiro em Paralimpíadas, ele já somava dez medalhas de ouro, quatro de prata e um bronze. Mas, para o campeão, nenhuma dessas conquistas se compara ao que ele viveu na noite desta quinta-feira (08.09), no Estádio Aquático do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, quando garantiu o primeiro lugar nos 200m livre e foi ovacionado pela torcida.
 
Daniel Dias conquistou sua 11ª medalha de ouro em Paralimpíadas. (Foto: Gabriel Heusi/ brasil2016.gov.br)Daniel Dias conquistou sua 11ª medalha de ouro em Paralimpíadas. (Foto: Gabriel Heusi/ brasil2016.gov.br)
 
 “Nunca senti uma emoção como essa. Eu achei que além de explodir, meu coração ia sair pela garganta, pular para fora. Foi fantástico, incrível”, festejou o nadador da classe S5 após a premiação. “Quase que eu dei um grito ali (na hora do pódio). É uma emoção grande, é um momento único que a gente está vivendo. Acho que a gente tem que desfrutar de tudo isso, com alegria e responsabilidade, e fazer o que a gente ama, por nós, pela família, por todo esse povo que está aí torcendo pela gente”.
 
Quando caiu na piscina, Daniel também queria quebrar o recorde da prova, que já é dele (2:26.51). Para alcançar o objetivo, contou até com um “empurrãozinho” dos colegas da equipe brasileira de natação paralímpica, que foram para a beira da piscina incentivar o nadador. A marca acabou não vindo (ele venceu com 2:27.88), mas a certeza de ter dado tudo de si deixou o campeão satisfeito. “Foi como eu esperava, como eu sonhava, até maior, com todo esse apoio, essa torcida, minha família. Era um sonho ter um filho me acompanhando e Deus me agraciou com dois filhos”, disse Daniel, que saiu da piscina e procurou a família nas arquibancadas.  
 
Daniel em ação nos 200m nado livre, classe S5. Fotos: Gabriel Heusi/ brasil2016.gov.brDaniel em ação nos 200m nado livre, classe S5. Fotos: Gabriel Heusi/ brasil2016.gov.br
 
O boneco de pelúcia do mascote Tom que Daniel recebeu, com os cabelos dourados em alusão à cor da medalha, já tem dono. E se tudo sair como planejado, ninguém vai precisar brigar para ver quem vai ficar com ele. “De repente, na empolgação, vai que eu jogo um para a torcida, não sei, mas o objetivo é levar para casa, porque tenho filhos, esposa, sogra, cachorro, todos vão querer”, brincou Daniel.
 
A quantidade de provas que ele vai disputar ainda é “surpresa”, mas pelo menos mais cinco competições estão nos planos. Nesta sexta (09.09), ele está escalado para o revezamento misto 4 x 50m estilo livre. “Agora é soltar, descansar, ir para a Vila, comer direito, ter uma boa noite de recuperação. O tempo que eu tiver para descansar, eu vou descansar. Procuro me divertir e dar o meu melhor, vamos ver o que vai dar. Vamos nadar dia após dia e no dia 17 a gente vê quantas eu consegui”, afirmou.
 
Para ele, mais do que colecionar medalhas, importa mostrar a todos o valor do esporte paralímpico e da pessoa com deficiência. "Acho que a grande mensagem aqui é mostrar que nós, assim como qualquer outra pessoa, queremos apenas uma oportunidade para realizarmos nossos objetivos. Acima do ouro, o que vale é a gente conquistar o respeito do próximo, do ser humano, do povo brasileiro”, completou.
 
Montanha-russa
 
O ouro de Daniel Dias não foi a única medalha brasileira do dia no Estádio Aquático. Nos 100m costas classe S7, Ítalo Pereira conquistou um bronze e vibrou muito na piscina. “Ainda não caiu a ficha que eu conquistei essa medalha, mas estou muito feliz”, disse o atleta de Porto Nacional (TO), criado em Goiânia, após a prova.
 
Ítalo Pereira conquistou o bronze nos 100m costas classe S7 e comemorou muito na piscina. (Fotos: Gabriel Heusi/ brasil2016.gov.br)Ítalo Pereira conquistou o bronze nos 100m costas classe S7 e comemorou muito na piscina. (Fotos: Gabriel Heusi/ brasil2016.gov.br)
 
O sabor de garantir a primeira medalha em Paralimpíadas foi ainda mais especial para Ítalo porque o bronze veio em casa, com apoio da torcida. “Acho que isso é inesquecível. Ganhar uma medalha dentro do seu país, com toda a torcida a seu favor, não tenho palavras. Essa não é uma conquista só minha, é de todos que estão assistindo e também dedico a todos os que trabalham comigo”.
 
Para explicar como é a sensação de ganhar uma medalha em um estádio lotado de brasileiros, Ítalo usou uma metáfora curiosa. “É como quando você vai ao parque, na montanha-russa. Você fica na fila e escuta quando a montanha-russa desce e todo mundo faz ‘uuuuuh’. A gente fica ali no balizamento e escuta a torcida. Então você fica ainda mais motivado para entrar na piscina”, contou.
 
Dos 12 atletas brasileiros que disputaram as eliminatórias do primeiro dia da natação, sete passaram para finais. Talisson Glock e Caio Oliveira ficaram com o quarto lugar nos 100m costas S6 e nos 400m livre S8, respectivamente. Maiara Barreto, em sua primeira Paralimpíada, chegou em oitavo nos 100m livre S3. Thomaz Matera foi o sexto lugar nos 100m borboleta S13. E Joana Maria Silva ficou em sexto nos 200m livre S5.
 
Carinhosamente chamada de Joaninha pelos amigos e colegas, a nadadora se emocionou ao falar dos sacrifícios que fez para viver o sonho de disputar os Jogos Paralímpicos Rio 2016. Na reta final de preparação, ela não falou com a filha Jaline Vitória, de 9 anos. “É um momento muito delicado falar dela. Tem um mês que não falo com ela. Eu sou fraca no psicológico de mãe, então eu prefiro ter o psicológico de atleta. Vou falar com ela no dia 17, quando terminar os 100m livre. A primeira pessoa que quero falar é com ela”, desabafou. “Vou falar para ela que valeu a pena todas as saudades que a gente viveu e que valeu a pena ela falar que me ama e eu a ela”, completou.
 
Enquanto não fala com Jaline, Joana aproveita o carinho da torcida para fazer seu melhor na piscina. “Você fica emocionado em sair e ter um monte de gente gritando seu nome. Eu não tenho ninguém da minha família aqui, então eu me sinto como se algumas pessoas fossem minha mãe, meu pai. Vejo crianças me chamando e penso na minha filha. Então é muito bom, ver que tudo que a gente tem feito tem dado resultados bons”.  
 
Nesta sexta, a partir das 9h42, oito brasileiros disputam provas individuais. Ítalo Pereira volta à piscina para os 50m livre S7. Talisson Glock compete nos 50m borboleta S6. Phelipe Rodrigues faz sua estreia nos 50m livre S10, mesma prova de André Brasil. Nos 50m livre S10 feminino, Mariana Ribeiro será a representante brasileira. Regiane Nunes Silva vai disputar os 100m costas S11. Camille Cruz vai entrar na piscina para a prova dos 400m livre S9. Nos 100m borboleta S8, Gabriel Sousa vai representar o Brasil. Por fim, será disputado o revezamento misto 4 x 50m livre. 
 
Mateus Baeta, Michelle Abílio e Valéria Barbarotto - Brasil2016.gov.br
Ascom - Ministério do Esporte