Ministério do Esporte Com trabalho psicológico, seleção feminina de handebol prepara estratégia para Rio 2016
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Com trabalho psicológico, seleção feminina de handebol prepara estratégia para Rio 2016

Chegar à Arena do Futuro, no Parque Olímpico da Barra, no dia 6 de agosto, sem qualquer assombração dos fantasmas do passado. Esse é o desafio da seleção brasileira feminina de handebol na busca por uma inédita medalha nos Jogos. Logo na estreia, a maior das adversárias: a bicampeã olímpica Noruega, responsável por eliminar o Brasil nas quartas de final da edição de Londres e dona de três títulos mundiais (1999, 2011 e 2015).
 
E os demais embates da fase de grupos também não prometem qualquer alívio. Na chave A, as brasileiras enfrentam a Romênia no dia 8, país que eliminou a equipe do técnico Morten Soubak no Mundial do ano passado, nas oitavas de final, por 25 a 22. Na ocasião, as romenas terminaram a competição com a medalha de bronze, atrás da Noruega e da Holanda. Em seguida, o Brasil pega, no Rio de Janeiro, a Espanha, medalhista de bronze em Londres-2012, antes de encarar a Angola e Montenegro, que foi prata nos Jogos britânicos.
 
Foto: Roberto Castro/mEFoto: Roberto Castro/mE
 
Para que os traumas não afetem a confiança de seleção da casa, o reforço psicológico tem sido intenso. “A gente tem um trabalho diário. Nas fases de treinamento, a gente dá um material, como se fosse um quebra-cabeça. Há um programa de preparação mental e, a cada fase de treinamento, a gente senta com o técnico, faz observação das forças mentais e do que deve ser trabalhado”, explica a psicóloga Alessandra Dutra, responsável pela seleção feminina desde 2009 e uma das três coordenadoras da preparação mental do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
 
Segundo ela, há um material específico para a participação do elenco em cada evento. “A gente montou um trabalho orientado para a Olimpíada. Tem um caderno especial e uma caixinha da responsabilidade. Sempre vem também uma música acompanhando a identidade da equipe”, conta. “Dentro dessa caixinha tem a questão do foco, da concentração, tem a união do grupo, para que cada uma pegue a sua responsabilidade, a sua parcela de todo trabalho, que também inclui a parte nutricional, a preparação física, o papel técnico e tático de cada uma, para que incorporem tudo isso e que haja a coesão necessária para uma Olimpíada”, explica, contando que as atletas receberão esse kit na chegada à Vila Olímpica, prevista para o dia 2.
 
“O Morten é o maestro. Eu mostro tudo para ele gerenciar o que vai acontecer”, acrescenta Alessandra. E o próprio material ganhou ares de incentivo motivacional. “A gente fez um caderno orientado, chamado ‘A hora é agora!’. Essa é a grande frase. É focar no momento”, explica a psicóloga, animada.
 
Foto: Roberto Castro/MEFoto: Roberto Castro/ME
 
Para cada uma das equipes adversárias, há uma estratégia do lado psicológico brasileiro. “A gente trabalha a cada jogo. Aproveitamos a experiência do Mundial e da Olimpíada passada, com toda a dor da derrota para a Noruega. Isso nos trouxe uma maturidade para enfrentar a Olimpíada do Rio 2016”, acredita, afirmando ver crescimento na equipe nos últimos anos de preparação. “Elas estão mais maduras para absorver as informações de todas as áreas e criar uma coesão com isso. Elas conseguem perceber e associar as informações psicológicas, técnicas, táticas, físicas, conseguem fazer um grande conjunto disso e absorver o que é bom”, avalia.
 
Para a estreia, o segredo será não pensar no passado com o sabor amargo da frustração. “A derrota a gente vê como aprendizado, e não como fracasso”, aponta Alessandra. “É um trabalho de maturar o que está falho ou faltando naquele momento”, pondera. “O papel psicológico é não dar espaço para dúvida e pressão. É terem um alto controle emocional para estarem focadas no jogo.”
 

Frieza na guerra

A psicóloga Alessandra Dutra ressalta ainda o lado emocional dos atletas nascidos em países historicamente envolvidos em guerras. “Estamos trabalhando desde 2012 diferenciando combatividade de competitividade. A gente compete com países combativos, e nós não temos essa experiência porque não tivemos guerras”, argumenta. “Nos países que historicamente tiveram guerras, isso afeta os atletas. Eles são mais agressivos, mais frios para determinadas situações, coisas que as nossas atletas historicamente não têm. Os atletas brasileiros são mais emotivos e isso pode comprometer sim na hora de um embate, principalmente jogando em casa”, expõe.
 
Outra característica de seleção brasileira é o costume de jogar ao som de gritos de uma torcida rival. Foi assim que a equipe nacional conquistou o inédito título mundial na Sérvia, em 2013, contra as anfitriãs na grande final. Até então, a estratégia era se isolar do que acontecia do lado de fora da quadra.
 
“Antes, o trabalho que ela fazia era de bloqueio. Não importava a torcida contra, era focar dentro e não escutar o que estava acontecendo fora”, conta a ponta Alexandra Nascimento. Já para atuação no Rio de Janeiro, o cenário muda. “Hoje nós temos que abrir, sentir que é positivo, mas sem perder a concentração”, acrescenta a jogadora, eleita a melhor do mundo em 2012. “No decorrer desses anos, o trabalho da Alessandra tem ajudado o grupo e as jogadoras individualmente”, acredita.
 
Segundo a psicóloga, passar a ouvir o incentivo da torcida da casa é uma transformação de mentalidade que envolve diversos aspectos sensoriais. “É uma mudança de chip. A gente trabalhava muito bloqueando o externo para o interno. Agora é um filtro, trazendo de fora para dentro o que é bom, sempre por meio da parte sensorial. É uma seletividade perceptiva, como sons e gostos melhores, respiração para autocontrole”, detalha. “Você trabalha visualizando situações que são mais seletivas para ter mais assertividade. Isso eu aproveito no treino, nos trabalhos em grupo, nos treinamentos individuais, nas conversas, nas observações de treinos técnicos e táticos, nos checklists. É muito trabalho”, comenta.
 
Todo esse esforço começará a ser testado logo na estreia. “Acho que o primeiro jogo sempre é difícil, independente do adversário. As atletas tendem a ficar um pouquinho mais tensas, mas isso também acontece com a outra equipe. Vamos entrar focadas. A gente já conhece a Noruega. Vai ser uma questão de detalhe”, destaca a armadora Duda Amorim, por sua vez eleita a melhor do mundo em 2014. “Estamos acostumadas a jogar com pouca torcida ou com torcida contra. Vai ser muito bom ter a favor. Vai ser um campeonato especial para a gente”, deseja.
 
De acordo com o técnico Morten Soubak, o Brasil está preparado, apesar da ansiedade natural. “Esse é um grupo experiente, que já passou por vários pan-americanos, mundiais e Olimpíadas, mas é diferente desta vez. É no Brasil, é em casa, então tenho certeza de que todos nós estamos sentindo isso. Estamos ansiosos, mas também felizes de estarmos aqui e prontos para começar”, ressalta.
 
Com três edições dos Jogos Olímpicos na bagagem, a capitã Fabiana Diniz, a Dara, também aponta o ineditismo do fator casa. “Jogar uma Olimpíada em casa é algo novo para mim também, mas a gente tenta, principalmente para as mais novas, colocar muito foco, não deixar se levar pelo espetáculo do evento, que é grandioso. Temos que ficar com os pés no chão, sem deslumbramento”, ensina.
 
Entre as 14 convocadas, apenas três atletas não estavam nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quando o Brasil encerrou a disputa com a sexta colocação: a goleira Babi, a central Franciele e a pivô Tamires. Para a psicóloga Alessandra Dutra, o melhor a se fazer com as novatas é, literalmente, seguir o jogo. “Hoje a identidade da seleção feminina de handebol está consolidada. Para as jovens que vão entrando, fica muito mais fácil para se adaptarem. Elas fluem. A gente não faz disso um momento muito especial para não correr o risco de ficarem paralisadas. Elas precisam fluir junto com o grupo”, aponta.
 

Amistosos

A seleção feminina de handebol está concentrada no Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx), na Urca, desde o último da 22. A ida para a Vila Olímpica está prevista para o dia 2 de agosto. Antes, contudo, a equipe ainda disputará três amistosos. O primeiro deles será nesta quinta-feira (28), contra a Holanda. No dia 31 as brasileiras enfrentam novamente as holandesas em Cabo Frio (RJ). Já no dia 2, novamente no CCFEx, será a vez de jogar contra a Argentina.
 
“Vamos aproveitar esse momento para combinar alguma coisa taticamente. A Holanda é vice-campeã mundial, um time muito forte, que vive muito da defesa e corre o jogo inteiro”, avalia Morten Soubak. Para a capitã Dara, será a oportunidade do Brasil testar um conjunto de estratégias em quadra. “A Holanda é um time muito completo. Elas vão exigir da gente um jogo também muito completo, com teste de todas as nossas armas para vermos se estamos bem e o que precisamos acertar”, destaca.
 
Seleção feminina de handebol:
 
Goleiras: Bárbara Arenhart e Mayssa Pessoa
 
Armadoras: Deonise Fachinello, Eduarda Amorim, Juliana Malta (convocada apenas para a etapa final de treinos) e Mayara Moura 
 
Centrais: Ana Paula Rodrigues Belo e Franciele Gomes da Rocha
 
Pontas: Alexandra Nascimento, Fernanda França, Jéssica Quintino, Samira Rocha e Larissa Araújo (reserva)
 
Pivôs: Daniela Piedade, Fabiana Diniz 'Dara' e Tamires Morena Araújo
 
 Ana Cláudia Felizola – brasil2016.gov.br
Ascom – Ministério do Esporte 
 
 
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