Ministério do Esporte Confira entrevista do ministro Aldo Rebelo ao jornal esportivo A Bola, de Portugal
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Confira entrevista do ministro Aldo Rebelo ao jornal esportivo A Bola, de Portugal

"Elefantes brancos? Na fauna brasileira não temos elefantes"

O Ministro do Desporto do Brasil é um homem determinado e confiante. O país abraçou o desafio de organizar o Mundial-2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 consciente da tarefa hercúlea. Mas, de mangas arregaçadas, todos acreditam no sucesso. Já não se olha para trás. O Brasil caminha para a elite mundial. Também no desporto.

Sexta-feira, 6 de julho de 2012
Entrevista a Hugo do Carmo

Regressou ao governo que havia deixado em 2005, há pouco mais de sete meses para substituir Orlando Silva como ministro do Desporto. Que balanço faz do mandato quando o Brasil prepara a organização do Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016? Muitos problemas?
São desafios muito grandes. A Copa do Mundo de 2014 é 20ª edição e o Brasil participou em todas. É mesmo o único país que o conseguiu. O Brasil já sediou uma Copa do Mundo, em 1950. Logo a seguir à II Guerra Mundial, a Europa vivia um período de crise, devastada pela guerra, não tinha como organizar a Copa e o Brasil organizou-a. Fez o Maracanã em menos de dois anos. Portanto, a Copa do Mundo não tem segredos. Nós temos muito trabalho, porque é uma competição que via realizar-se em 12 cidades. O Brasil é um país muito grande e vamos ter Copa em Manaus, no extremo norte, na Amazónia, e em Porto Alegre, já no extremo sul.

É um enorme desafio?
Não vejo assim, não é o maior que já enfrentamos. Nós valorizamos muito a Copa, sabemos que é talvez o mais importante acontecimento do planeta. É uma grande oportunidade para o desenvolvimento do Brasil, para superar muitas deficiências que tem, como telecomunicações, mobilidade urbana, segurança, mas eu digo que o Brasil já fez coisas mais importantes e difíceis do que a Copa do Mundo. Organizaremos a Copa do Mundo de acordo com as expectativas do mundo e do Brasil.

Têm havido algumas polémicas com a FIFA, aquando das vistorias devido ao andamento das obras. Está tudo ultrapassado?
Não. Divergências existirão sempre e é natural numa organização desta dimensão. As opiniões surgem até no ambiente familiar, quanto mais numa Copa. Mas sempre em função do interesse comum, do interesse superior. O Governo brasileiro, a FIFA, os patrocinadores, todos estão interessados no sucesso da prova. Mas não há nenhuma divergência importante.

Sofreram, contudo, duras críticas. O secretário geral da FIFA, Jérome Valcke, chegou a dizer que o Brasil merecia "um pontapé no traseiro"?
Todas as críticas forma respondida no mesmo tom e no momento exato. Nada ficou sem resposta, mas considero que isso já foi superado. O secretário geral da FIFA já esteve no Brasil duas vezes depois daquele episódio, eu já fui à sede da FIFA e creio que chegamos à conclusão que o melhor é ter como denominador comum a cooperação e a harmonia. As divergências vamos ultrapassá-las com maturidade.

Qual a razão de Valcke ter sido tão duro com o Brasil?
Isso tem de ser perguntado a ele. As críticas tiveram resposta. O Brasil está a organizar a Copa com o mesmo espírito de trabalho, de dedicação que nos levou a construir um país que é continental, a dar a este país unidade, um idioma que o unifica, a construir metrópoles por todo o país, a ser a sexta economia do Mundo, a ser uma das maiores potências do futebol mundial, que talvez não fosse o que é hoje sem a contribuição do Brasil. Temos o maior artilheiro de todas as Copas e o seu maior astro, que é o Pelé.

No Brasil também são muitas as críticas...
Temos na nossa herança cultural um certo pessimismo, uma certa descrença que herdámos de Portugal, dos velhos do Restelo. Mas nós também herdámos um espírito desbravador, realizador. Aqui no Tejo estava o velhinho do Restelo advertindo para os riscos e os navegadores partiram apesar disso...

O Brasil vai também receber os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Ainda faltam quatro anos, mas acredita que o processo será mais pacífico ou também já há divergências com o Comité Olímpico Internacional?
As Olimpíadas do Rio de Janeiro já renderam mais patrocínios do que os Jogos Olímpicos de Londres! Faltam mais de quatro anos e do ponto de vista comercial já são um êxito. O Rio de Janeiro é uma cidade habituada a receber grandes eventos. Recebeu o Congresso Internacional do Meio Ambiente, em 92, acolheu agora a cimeira Rio+20 e houve aeroportos, hotéis e transportes para todo o mundo. O Rio de Janeiro faz um Carnaval que recebe centenas de milhar de turistas do mundo inteiro e milhões de brasileiros. Creio que não haverá problemas em organizar as Olimpíadas, haverá sim muito trabalho.

Está em marcha algum plano para preparar uma geração de campeões, que tenha o seu apogeu nos Jogos, como sucedeu em outros países, como a Espanha ou a China? Vamos ter campeões?
Tomara que sim. Nós temos um plano especial, um plano-medalhas, para 2016. Não seria bom se o país tivesse um bom desempenho em organização, ganhar prêmios de arquitetura, transportes e no quadro de medalhas ter um desempenho baixo. Queremos ter um desempenho desportivo compatível com um país organizador. Estamos a trabalhar com o Comité Olímpico Brasileiro e as federações para preparar os nossos atletas para terem um bom desempenho. Até porque o país-sede pode participar em todas as modalidades.

Já definiram o número de medalhas a alcançar?
Não. Estamos ainda a preparar o plano, a estudar os atletas, a preparação, as competições, o corpo técnico e médico de acompanhamento, etc.

Houve um descarrilamento econômico da Grécia depois dos Jogos de Atena-2004. Aconselharia, por exemplo, Madrid a desistir da corrida aos Jogos de 2020 dada a crise atual?
Copa do Mundo e Olimpíadas são oportunidades que se descortinam para os países. Pode ser uma grande oportunidade par o futuro, como aconteceu em Barcelona, ou se não se tiver cuidado pode transformar-se num fracasso. Pequim teve um bom resultado com os Jogos Olímpicos, Londres já está a ter um bom resultado. Para o Brasil será uma oportunidade para o desenvolvimento do país, não só desportivo, mas também científico, tecnológico e também para o desenvolvimento do Rio de Janeiro que já é uma metrópole muito conhecida e querida, mas pode ganhar uma nova dimensão.

Mas para um país mais pequeno, com economia mais débil, não seria demasiado? Ou não? Por exemplo, aconselharia Portugal a candidatar-se?
Estive com um dos responsáveis pela organização da Euro-2004 e não o vi arrependido do que Portugal fez para organizar o Campeonato da Europa. Acho que da mesma forma a Polónia e a Ucrânia também beneficiaram do Europeu. Pois há sempre muitos investimentos. No Brasil, para a Copa do Mundo, já se criaram mais de 300 mil empregos e até 2014 mais 300 mil serão criados.

Não teme, depois, ficar com elefantes brancos, com os estádios praticamente ao abandono?
Nós não temos elefantes na fauna brasileira. Temos outros bichos, como onças, mas elefantes não... Nós estamos a construir os estádios com um conceito de multiusos. Com centros de convenções, com restaurantes, centros comerciais, alguns com hotéis, o de Recife com uma universidade e conjunto habitacional com 2400 apartamentos.

Do carnaval ao Maracanã

O Brasil aprendeu com os erros de outros países, como Portugal, que tem estádios que praticamente não utiliza?
Aprendemos com os erros mas também os acertos. Algumas coisas são inevitáveis, nem sempre os locais onde se constroem os estádios têm movimento, atividades para absorver as pessoas e gerar benefícios. Nós não temos esse problema no Brasil porque são cidades grandes, metrópoles, destinos turísticos importantes.

Há vozes muito críticas no Brasil, que dizem que é um erro tremendo o país organizar o Mundial e os Jogos Olímpicos. É uma festa de um mês e uma dor de cabeça de 10 anos...
Se dependesse dessas pessoas nós acabaríamos com o Carnaval, que não dura nem um mês: é uma semana. E as pessoas fazem os carros alegóricos, luxuosos, belos que são para usar não durante uma semana mas em menos de uma hora, que é o tempo que dura o desfile.

Mas os carros são descartáveis...
Mas têm custos e as pessoas compensam-nos com patrocínios. Quando foi a Copa do Mundo no Brasil, em 1950, houve uma campanha para não construir o Maracanã. Não foi uma batalha de engenharia, de construção civil, foi uma batalha ideológica, política contra os descrentes.

O mesmo acontece hoje?
Claro. É como disse, trazemos essa imagem do pessimismo... Quem é que pode fazer uma Copa do Mundo? Só a Inglaterra, a França, os Estados Unidos, a Alemanha? Não concordo com isso.

Ideias de Aldo Rebelo - Ministro do Esporte do Brasil

Convite a Eusébio
"Vamos convidar para visitar o Brasil antes da Copa os nossos ídolos portugueses. Queremos homenagear o Eusébio, vamos ver se também o Ronaldo, que tem agenda muito preenchida."

Portugal importante
"Portugal é um país importante no panorama futebolístico mundial. Ainda agora o Europeu o demonstrou. E os grandes clubes, Benfica, FC Porto e Sporting, também têm muito peso."

Parceria com Londres
"Pedimos ao governo inglês a criação de um grupo de trabalho que nos acompanhe na preparação das Olimpíadas. Porquê esperar pelos problemas se podemos trabalhar já na solução?"


Taça das Confederações em 2013 servirá de teste

O Brasil acolhe a Taça das Confederações em 2013 e o país quer aproveitar a competição para dar uma boa imagem da sua capacidade de organização.

"Embora seja um torneio muito menos que a Copa do Mundo (são oito seleções me vez de 32) será uma teste", admite Aldo Rebelo, que considera existirem outros eventos bem mais importantes neste aspecto. "Creio que há outros eventos que testam muito mais o país, como o Carnaval do Rio, de Recife ou de Salvador. São muito mais exigentes em termos de infraestruturas, de logística. Ainda há pouco tempo falava com o ministro dos desportos inglês que me disse que gostava de passar o Carnaval no Brasil e que vai voltar. Agora na cimeira Rio+20 fizeram uma sondagem e 97% dos estrangeiros que participaram manifestaram o desejo de voltar ao Brasil. Com todos os problemas que podem existir e nós reconhecemos que é preciso corrigir muita coisa, temos infraestruturas capazes de acolher grandes eventos, como a Copa ou os Jogos Olímpicos."

Jogos da CPLP

Aldo Rebelo chegou ontem a Lisboa para a abertura da oitava edição dos Jogos da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) que decorrem em Portugal entre amanhã e 15 de julho e considera que estes Jogos são de extrema importância.

"Nós temos planos e sonhos para aproximar e intensificar a cooperação entre os países da comunidade de língua portuguesa. Pensamos que a nossa unidade e identidade, para além da história, cultura e laços de um idioma comum, devem ser um ativo importante para a presença dos países lusófonos num cenário mundial, comercial, econômico, geopolítico e diplomático. Tenho uma grande identidade com esse enorme desafio", sublinha Aldo Rebelo, que presidirá a reunião da conferência de ministros responsáveis pela Juventude e Desporto dos países da lusofonia.

Lusofonia

Aldo Rebelo, 56 anos, é há muito um homem ligado à política. Membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), desempenhou vários cargos políticos. É conhecido por ser um defensor da lusofonia. "Como deputado sempre trabalhei para aproximar os países de língua portuguesa, sempre vi essa plataforma comum como uma grande vantagem para todos nós. Acho que o Brasil poderia fazer muito mais do que faz, acho que a presença de Portugal é muito mais ativa e eficaz, tem instrumentos como a RTP I ou o Instituto Camões, enquanto o Brasil deveria estar mais presente", sublinha o ministro, que promete fazer tudo o que estiver ao seu alcance na sua área.

"No Desporto o que pudermos, vamos fazer. Tem de haver cooperação. Queremos que os Jogos sejam uma herança para o Brasil, para a América do Sul e também para a comunidade lusófona. Queremos mobilizar o voluntariado lusófono e estudaremos a forma de intensificar as relações com Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor. É muito importante para todos."

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