Confira entrevista do ministro Aldo Rebelo ao jornal Brasil Econômico

Última atualização em Terça, 15 Maio 2012 13:32
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Em entrevista ao jornal Brasil Econômico, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu um maior controle da sociedade sobre as entidades esportivas e falou sobre os preparativos da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. Confira abaixo a entrevista, publicada na edição desta terça-feira (15.05):

Aldo defende democratização e maior controle para a CBF

ENTREVISTA/ALDO REBELO/Ministro do Esporte

Para ministro do Esporte, a sociedade brasileira precisa ter mais controle sobre entidades esportivas

Pedro Venceslau O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Entre 2000 e 2001, quando ainda nem sonhava em ser ministro do Esporte, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ocupou o topo da lista de inimigos públicos de Ricardo Teixeira. Na época, o então todo poderoso presidente da Confederação Brasileira de Futebol enfrentava uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso que era presidida pelo parlamentar comunista, a CPI CBF/ Nike. A investigação fez barulho, mas não diminuiu o poder do cartola. Já o deputado ficou com fama de bom de briga. Uma década depois, o destino manobrou para que Aldo, que foi eleito deputado pela primeira em 1990, presidiu a Câmara e foi ministro da Articulação Política de Lula, ocupasse o cargo de ministro do Esporte logo depois da queda do "czar" do futebol brasileiro. O estilo desse alagoano radicado em São Paulo pesou na balança da presidente Dilma na hora da escolha. Tão nacionalista quanto palmeirense, Aldo é um político leal e discreto, porém incisivo. A missão recebida de Dilma exigia exatamente esse perfil: limpar terreno interno no Congresso para aprovar as normas da Fifa e ao mesmo tempo impor limites para a influência da entidade. Nessa entrevista exclusiva aos jornais O Dia, Marca e BRASIL ECONÔMICO, o ministro defende a democratização da CBF, garante que nenhuma das 12 sedes ficará fora da Copa e prevê que os cariocas assistirão a consagração do Brasil na final do Maracanã em 2014. Amanhã, Aldo participa do seminário "Brasil rumo à Copa", que é promovido pelos três jornais.

Entre a Copa da África do Sul em 2010 e a da Alemanha em 2006, onde o Brasil se encaixa em termos de negociação com a Fifa? Quem cedeu mais e quem cedeu menos?
Temos todos os acordos assinados pelos governos que sediaram a competição desde os Estados Unidos em 1994 até a África do Sul em 2010. Os protocolos, compromissos e garantias dos governos são muitos parecidos. O que há de diferença é que as garantias oferecidas pela Alemanha à Fifa já eram realidade no país: estádios, infraestrutura aeroportuária, telecomunicações, mobilidade urbana e segurança.

Mas a Alemanha, por exemplo, conseguiu impor a venda de cerveja alemã nos estádios, em vez de vender apenas as marcas patrocinadoras...
Teve isso, mas a regra básica era vender cerveja nos estádios. Toda Europa permite isso. O que eles fizeram foi acrescentar a cerveja alemã, já que a patrocinadora era americana. Isso é um detalhe quase irrelevante. Na África do Sul, a principal questão era a construção da própria infraestrutura esportiva. O Brasil tem uma infraestrutura que não é tão avançada como a alemã, mas está muito a frente da sul-africana. O país já acolhe grandes eventos, como os carnavais de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. A infraestrutura aeroportuária brasileira é mais próxima da alemã do que da sul-africana. Estamos com nossos compromissos em dia. Não vejo qualquer problema de infraestrutura para a realização da Copa.

O episódio com o Jerome Walcke (secretário geral da Fifa que disse que o Brasil precisava levar um chute no traseiro) está superado?
Nós respondemos uma frase infeliz e mal educada. Não vou ficar alimentando essa polêmica.

O texto da Lei Geral da Copa aprovado pelo Congresso deixou para os estados resolveram a questão da venda cerveja. Como será essa negociação?
Isso é uma questão de interpretação. Nós interpretamos que o problema está resolvido. Existia uma lei nacional proibindo a venda de bebidas em estádios e ela foi suspensa durante a Copa do Mundo.Acho que tem que suspender nos estados também. Isso é uma questão jurídica pendente.

O Sr foi presidente da CPI da CBF/Nike. Acha que a CBF devia ser mais transparente e mudar sua forma de política interna na escolha dos dirigentes?
As entidades esportivas brasileiras, e não estou falando apenas da CBF, precisam passar por um processo de democratização e de controle. Acho que faria muito bem ao esporte nacional. Daria mais confiança aos patrocinadores.

Seria o caso de mudar os estatutos?
Embora o governo não possa interceder, já que são tidas como privadas, creio que o caminho é a institucionalização democrática dessas entidades para que haja limite no número de mandatos e as regras das eleições sejam mais democráticas. É preciso mais controle da sociedade. Esse é um caminho que as entidades vão trilhar naturalmente.

O que mudou na relação entre a CBF e o governo com a mudança no comando da entidade? O desgaste acabou?
Não havia desgaste nenhum. Havia uma relação de cooperação e de respeito. Nós trabalhávamos com o Ricardo Teixeira e agora trabalhamos com o José Maria Marin. Temos que cuidar de realizar a Copa.