Ministério do Esporte Confira a entrevista do ministro Aldo Rebelo ao jornal O Estado de S. Paulo
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Confira a entrevista do ministro Aldo Rebelo ao jornal O Estado de S. Paulo

'É preciso reerguer o futebol brasileiro'

Ministro apoia o Bom Senso FC e diz que o governo tem a obrigação de entrar na discussão e valorizar o diálogo

Almir Leite

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, compactua com o Bom Senso FC. "O calendário é extenuante", diz nesta entrevista ao Estado. Por isso, ele tem procurado se aproximar do movimento de jogadores e abrir um canal de diálogo. Para o ministro, é obrigação do governo participar da mesa de negociação com atletas e dirigentes a fim de tentar "reerguer o futebol brasileiro". Sobre a Copa de 2014, Rebelo minimiza os atrasos nas obras, assim como novas manifestações. Na sua visão, no Mundial não haverá "clima para qualquer tipo de violência".

Qual é a sua avaliação sobre o Bom Senso FC?
O Brasil é um país muito desequilibrado socialmente e no futebol também aparece essa desigualdade. Você tem grandes equipes, com estádio modernos, jogadores que ganham os melhores salários do mundo, mas que são submetidos a um calendário extenuante. Jogar quase 80 partidas por ano leva o jogador a sofrer lesões, a cair de rendimento e consequentemente a cair o nível das competições. É um problema que precisa ser enfrentado.

E como fica a situação dos atletas das equipes menores?
Esse é um problema maior e mais grave do que aqueles dos astros e celebridades porque envolve 99% dos atletas. Enquanto uns têm jogos demais, a maioria tem de menos. Qual é o risco quando você debate essa questão? É buscar soluções agravando o problema dos mais fracos. Por exemplo, tem gente que acha que o ideal é acabar com os Estaduais, mas esse é o tipo de campeonato que resta para a imensa maioria. É preciso combinar uma solução para quem está superexposto e ampliar o calendário de quem joga pouco. Sem jogo, não tem renda, sem renda não tem salário, sem salário você sacrifica os atletas e suas famílias. Viajo muito pelo interior do Brasil e vejo jovens com os filhos nos braços, nas portas das prefeituras, porque não é feito o repasse para os clubes pagar os salários. Uma vez cheguei a uma cidade às 16h e os atletas não reclamavam de atraso de salário, mas sim de almoço.

Onde aconteceu isso?
Coincidentemente foi na minha cidade, lá no interior de Alagoas. Eram jogadores profissionais do Comercial de Viçosa. Depois, o caso virou escândalo porque uma merendeira, com pena dos atletas, deu merenda escolar para eles. Virou até CPI. Mas esse tipo de problema não chega aos grandes centros porque esses atletas não têm porta-vozes. Sei que a solução não é fácil porque se fosse já teria sido dada, mas ela tem de ser encontrada para proteger os jovens que jogam demais e aqueles que não têm calendário para ganhar o pão de cada dia.

O governo pode fazer alguma coisa e ser o regulador dessas negociações?
O governo sempre pode fazer alguma coisa. Não podemos nos colocar em uma posição distante e dizer que o mundo do futebol é privado. Temos procurado nos aproximar com jeito porque não queremos tutelar, chegar mandando. Tem de ser resolvido com diálogo com atletas, suas entidades e movimentos, e com as instituições que organizam o futebol também. Não adianta achar que vai fazer isso numa guerra contra quem tem seus direitos e estatutos. O futebol é um patrimônio muito importante do País, que gera emprego e muita renda não apenas para quem joga, mas também para uma série de profissionais.

O Bom Senso pede Fair Play Financeiro. Como está a renegociação das dívidas dos clubes?
Chegamos à conclusão que não pode ter perdão nem anistia, mas sim um escalonamento para pagar em um prazo maior e assumindo o compromisso de não repetir o processo de endividamento. Os clubes precisam assumir obrigações. A Federação Paulista já adota um modelo exemplar: atraso de salário gera perda de pontos. Com isso, parou de atrasar salário. Isso o dirigente respeita, porque a torcida cobra. É preciso reerguer o futebol brasileiro.

Há prazo para sair do papel?
Se depender de mim, eu faria este ano. Há um processo correndo no Congresso e pedi para priorizarem essa questão.

Falando de Copa do Mundo, incomoda o senhor o fato de a violência ser uma das principais preocupações dos estrangeiros?
O Brasil, de fato, tem violência do crime comum e social. Quem pode negar? A morte de jovens em alta escala tem índices inaceitáveis. A violência que acomete as pessoas, em todas as cidades, não só nos grandes centros, como São Paulo e Rio, incomoda e precisamos nos indignar e adotar medidas para enfrentar. Mas a violência não é um problema só do Brasil. Às vezes, as pessoas chegam aqui como se no país delas não tivesse problema nenhum. O sujeito arma o Exército, vai para outro país, mata um monte de gente, mas acha que isso não é violência. Você esquece uma bolsa no metrô de Londres ou Paris e as pessoas fecham a estação. Aqui no Brasil, as pessoas pegam a bolsa e entregam no posto de Achados e Perdidos. E os atentados? Se você entrar correndo no metrô de Londres ou Paris, a possibilidade de a polícia te dar um tiro é muito grande. Aqui, não. Talvez, nas ruas as pessoas aqui no Brasil estejam mais inseguras do que em outras cidades européias ou americanas, mas dentro de um metrô, estação ferroviária ou aeroporto, é evidente que elas estarão mais seguras aqui porque não tem o risco da violência étnica ou religiosa.

A visita do Papa Francisco ajudou a subir o conceito do Brasil no quesito segurança?
O grande teste em que o esquema de segurança foi submetido a uma prova maior foi na Copa das Confederações, não na visita do papa. A vinda do papa foi em um momento pacífico, sem manifestações. Nas seis cidades da Copa das Confederações tivemos manifestações de dezenas de milhares de pessoas e, com exceção de uma morte por acidente em Belo Horizonte de um rapaz que caiu de um viaduto, passamos pelos protestos sem qualquer coisa mais grave. O sistema de segurança do Brasil superou bem esses testes.

O senhor não acha que o fato de 2014 ser um ano de eleições contribuirá para que as pessoas aproveitem a Copa para manifestar a sua indignação?
Pelo contrário. Como as pessoas poderão canalizar suas insatisfações para a escolha dos candidatos, acho que o ambiente democrático é capaz de absorver as insatisfações e canalizá-las para a batalha eleitoral.

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