Ministério do Esporte ARTIGO: A Copa do Brasil será um sucesso
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ARTIGO: A Copa do Brasil será um sucesso

Confira abaixo artigo publicado na edição de 27/04/2012 da revista Época:

A Copa do Brasil será um sucesso

Por Alberto Carlos Almeida*

Vamos fazer uma afirmação contracorrente: a Copa do Mundo no Brasil será um sucesso. Vamos fundamentar a afirmação: a Copa será um sucesso porque somos o país do futebol.
 
O grande modismo de mídia quando se trata de abordar as perspectivas para nossa Copa do Mundo é afirmar que ela será um fracasso retumbante. Essa visão costuma ser justificada pelo atraso das obras, pela suposta impossibilidade de provermos a infraestrutura de transportes e as vagas em hotéis necessárias para abrigar os visitantes. Os críticos concebem a Copa e o futebol como um fenômeno estatal. Seu fracasso é vinculado à incapacidade do Estado brasileiro de cumprir seu papel.
 
Os arautos do fracasso ignoram inteiramente que o futebol é uma das maiores paixões de nossa sociedade. Como olham para o Estado e desprezam quase inteiramente a existência da sociedade, preveem o pior. Essa previsão se mostrará rotundamente errada em 2014.
 
Nosso Carnaval é um dos maiores e mais abrangentes espetáculos populares do mundo. Ele ocorre todo ano - e nunca fracassa. É sempre um sucesso porque é feito pela sociedade.
 
Nossa Copa do Mundo será um sucesso porque será abraçada por toda a sociedade brasileira. Esse abraço é mais fácil de conceber se fizermos um exercício bastante simples de nos transportamos para abril de 2014, quando faltarão dois meses para o início da competição. Todas as propagandas na TV, no rádio e na internet terão como gancho a Copa do Mundo. Não apenas os patrocinadores, mas todas as empresas que divulgam seus serviços e produtos na mídia recorrerão ao fato de sermos sede do maior evento esportivo do planeta.
 
Também em abril de 2014, as 32 seleções estarão próximas de desembarcar no Brasil. Os principais noticiários mostrarão os estádios em que elas jogarão, seus roteiros no Brasil, os hotéis em que ficarão hospedadas e onde treinarão. É muito provável que sejam encontrados personagens ligados a cada seleção morando perto de suas sedes: alemães parentes de jogadores de sua seleção já residindo no Brasil há muitos anos, jogadores aposentados de outra seleção, ex-namoradas de jogadores africanos etc.
 
Cada desembarque de seleção será transmitido ao vivo. As chegadas serão eventos genuinamente brasileiros. Todas as seleções serão recebidas da maneira mais amigável e calorosa possível. Seus jogadores e técnicos darão entrevistas e elogiarão o Brasil como país. Seus deslocamentos serão transmitidos ao vivo e tomarão a maior parte dos noticiários noturnos.

Noticiários e propagandas totalmente dedicados ao futebol só são possíveis no país do futebol. É preciso que uma sociedade seja apaixonada pelo futebol para que a mídia o use como principal chamariz de audiência.

Ainda no período que antecede o início da competição milhares de jovens brasileiros se associarão para enfeitar sua casa e ruas. Isso ocorre em qualquer Copa do Mundo. Será exacerbado por se tratar de uma Copa cuja sede é o Brasil. Muitas prefeituras farão um concurso da rua e da residência mais bem enfeitada. O resultado de tais concursos será divulgado pelas mais diversas mídias locais.
 
Prefeituras prepararão locais especiais para que a população acompanhe os jogos em público. Nada melhor que torcer no meio de uma multidão. Quando se trata de festas e de futebol, o brasileiro ocupa com eficiência o espaço público.
 
A cada jogo do Brasil o país parará. Isso acontece em qualquer Copa do Mundo. Será especial parar as atividades justamente numa Copa que ocorrerá em nosso país. A festa será maior, a parada será mais celebrada, a razão para organizar um evento que reúna os amigos será maior. Por favor, o argumento de que isso atrasa o desenvolvimento do Brasil não serve. Acabamos de ultrapassar a Grã-Bretanha no PIB bruto e, em breve, ultrapassaremos a França.

Iniciada a competição, os únicos assuntos da mídia serão os jogos, os gols marcados e perdidos, os erros dos juízes, a festa das torcidas, a classificação das seleções, as jogadas impossíveis, as entrevistas das celebridades, o que fizeram Neymar, Messi, Xavi e outros no dia do jogo. Não haverá espaço para assuntos outros que não a disputa esportiva.
 
Para que a Copa seja um sucesso, basta que os estádios fiquem prontos. A escassez de leitos de hotel será resolvida com a abundância de leitos nas casas dos brasileiros. Os turistas adorarão: terão a chance de conhecer a vida diária dos brasileiros, a culinária, nossa receptividade etc. Muitos europeus ficarão no Brasil porque se apaixonarão pelas lindas brasileiras. Esse se tornará o principal tema das reportagens não futebolísticas: quanto os visitantes se apaixonarão pelo Brasil e por suas belezas. É possível que muitos espanhóis acabem juntando o útil ao agradável: se casarão com uma brasileira e conseguirão, finalmente, seu primeiro emprego.
 
Engarrafamentos não ocorrerão, porque, nas cidades grandes e quando houver um jogo importante, será ponto facultativo. Imaginem quantos pararão de trabalhar se França e Holanda se enfrentarem no Recife. Não haverá engarrafamento algum. Jogos dessa importância motivarão uma mobilização social jamais vista no país.
 
O orgulho e a autoestima nacional atingirão níveis estratosféricos. Todo brasileiro ficará feliz porque seu país estará no centro do mundo, graças a algo que adoramos, o futebol. Não há espaço para fracasso. Aquele que for capaz de se transportar para o ano de 2014 sabe que é impossível que nossa Copa do Mundo seja um fracasso.
 
O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, irritado com o atraso das obras relacionadas à Copa, queria dar um chute no traseiro do Brasil. A afirmação é preconceituosa. Certamente ele jamais falaria assim se tratasse de um país europeu. Ele disse isso porque não nos conhece, porque não sabe quanto gostamos do futebol e como essa paixão nos moverá em direção a um evento de sucesso. Jerome Valcke também não conhece quanto nós, brasileiros, valorizamos o traseiro.
 
A propósito, jamais consideraríamos a possibilidade de dar um chute no traseiro da Europa, porque eles se meteram numa grave crise econômica cujo principal problema é a gastança e o deficit público. Qualquer país, desde que sejamos preconceituosos o suficiente, poderia ser vítima de um chute no traseiro.
 
Nós, brasileiros, não devemos esperar que nossa Copa tenha um planejamento e uma organização germânicos. Os alemães nunca se iludiram quanto a suas capacidades, não achavam que sua Copa seria um grande exemplo de evento festivo e caloroso. Isso não faz parte da cultura deles, assim como a organização germânica não faz parte da nossa.
 
Não devemos nutrir com relação a nós mesmos expectativas que jamais serão atingidas. Nem por isso fracassaremos. Simplesmente faremos com sucesso, mas de maneira diferente. Somos bons na execução do plano B, talvez até mesmo do plano C, mas não somos especialistas no plano A. A flexibilidade é uma marca importante de nossa cultura.
 
Os arautos do fracasso não entendem o que faz do Brasil Brasil. Os arautos do fracasso se imbuíram do complexo de vira-latas de Nélson Rodrigues. Acham que somos inferiores. Não somos - e isso ficará evidente quando 2014 chegar.

* Alberto Carlos Almeida é cientista político, autor dos livros "A cabeça do brasileiro" e "O dedo na ferida: menos imposto, mais consumo"

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